A recente remodelação do governo levou à substituição da presente Secretária
de Estado do Turismo (SET) Cecília Meireles dando lugar a Adolfo Mesquita
Nunes.
Neste momento acho que é importante analisar o mandato de Cecília
Meireles, o que houve de bom, de menos bom, e o que poderia ou deveria ter sido
feito.
Não vejo com bons olhos o facto de Cecília Meireles não ter tido um contato
prévio no ramo do turismo. O turismo é um setor de atividade estratégico nacional,
mas muito sensível às alterações económicas e sociais, por isso considero que é
preponderante ter algum tipo de experiência no setor para se assumir o cargo
de SET. Durante o seu mandato foi uma excelente ouvinte, esteve sempre muito
próxima das empresas e organismos sociais no ramo do turismo, esteve também muito
presente em eventos e ações da área.
- Existiu uma redução quantitativa da promoção de Portugal entanto destino turístico. No entanto foram campanhas muito boas em termos qualitativos.
- Foram encerradas as Escolas de Hotelaria e Turismo de Santarém, e Santa Maria da Feira.
- Durante o seu mandato foi aprovada a nova lei das Agências de Viagens, Reestruturou as Entidades Regionais de Turismo que previa uma poupança de 1ME (pelo menos tentou reestruturar), levou à subida do IVA na Restauração de 13% para 23% que está a causar efeitos devastadores.
- Levou à extinção da marca ALLGARVE, muito criticada por uns e muito apoiada por outros. Além da divergência de opiniões o certo é que com a perca desta imagem de marca, a região do Algarve perdeu parte da sua projeção externa e interna, e também certo é que não houve nenhuma estratégia para contrabalançar o efeito que a imagem ALLGARVE já tinha no mercado.
- A tendência do mercado é o turismo de longo curso. Acho que os países como Rússia, Brasil China e países nórdicos foram um pouco esquecidos ou não lhes deram o devido valor como potencial cliente.
- É também importante registar que nos últimos 2 a 3 anos, o crescimento registado no sector do turismo deveu-se grandemente a conflitos políticos e sociais em alguns dos principais destinos concorrentes. Considero que Portugal nesse momento se poderia ter afirmado ainda mais junto dos principais mercados emissores, e aproveitar a sua fragilidade para ganhar melhor um posicionamento de mercado .
- A meu entender as Regiões Centro e Leiria-Fátima têm um potencial de crescimento riquíssimo, com uma vasta oferta cultural, religiosa e natural e gastronómica. Inquestionavelmente tiveram e continuam a ter condições para merecer um maior reconhecimento, apoio e atenção como destino turístico para obterem um melhor posicionamento como destino turístico.
- Portugal exporta produtos de grande qualidade, e para países com grande potencial mercado turístico emissor. Exemplos mais evidentes disso são as exportações de azeite para a China e Brasil. Esses produtos de referência poderiam ser usados como catapulta para promover Portugal como destino turístico.
- Um assunto não menos relevante é a escassez de voos diretos dos mercados com grande potencial, a Alemanha é um exemplo claro. Poderiam existir mais esforços para negociar junto das principais agências de viação. Se esses esforços existiram não foram suficientes ou não foram muito divulgados.
- Algo que deveria ser analisado muito cuidadosamente é a concorrência “desleal”. Cada vez mais se compete pelo preço no ramo hoteleiro, chegando certos hotéis a praticar preços muito abaixo do mercado, obrigando também a que o mercado em geral baixe os preços e que coloque a sustentabilidade das organizações em questão. Por outro lado deveria ser exigido um maior rigor da informação, pois muitas vezes existem erros de distâncias do hotel a pontos de interesse, fotografias que não correspondem à realidade, imprecisões, lacunas ou informações dúbias, nos serviços promovidos.
Ninguém e perfeito, e quando não se conhece muito bem o setor é difícil
conseguir tomar sempre as melhores medidas e decisões. Se o SET possuísse
experiência e conhecimentos em Turismo não seria difícil apresentar um trabalho
melhor. Contudo de modo geral foi positiva ( ou pelo menos não demasiado
negativa) esta passagem de Cecília Meireles pela Secretaria de Estado do
Turismo, mas não posso deixar de referenciar o grande efeito negativo do aumento
do IVA na restauração.
De acrescentar ainda a "balda" que se tornaram os serviços de guia,devido ao Estado ter desregulamentado e deixado de proteger esta profissão essencial ao visitante.
ResponderEliminarIsto é, há imensa gente que não tem o mínimo de conhecimentos nem aptidão a "fazer-se de guia".
Resultado: os verdadeiros guias-intérpretes, com um curso superior e para além da respectiva licenciatura, ainda um exame especial para a obtenção da Carteira Profissional e que pagam enormes impostos, ficam a engrossar as filas de desemprego, enquanto os "chicos-espertos" que mal sabem ler e escrever e não pagam impostos, logo, nada dão a ganhar ao Estado, andam a ganhar uns trocos ao dizerem as maiores aldrabices aos nossos turistas...
Quanto tempo demorará para que Portugal seja conhecido como um país com péssimos serviços no turismo?...
Ah pois é...